Quadrantes da vida aventam possibilidade da África do Sul estar à beira do abismo

 Quadrantes da vida aventam possibilidade da África do Sul estar à beira do abismo

Quadrantes de vida, na vizinha África do Sul, querem que as autoridades sul-africanas tomem medidas urgentes, com vista a relançar o desempenho da economia, por forma a evitar que o país se torne um Estado falhado, no continente. 

Além da comunicação social manifestar este posicionamento, há vozes, a nível de executivos, que exigem medidas urgentes, visando o relançamento da economia.

O jornal Financial Mail, editado em Joanesburgo, escreve que a “África do Sul sempre andou perto do limite, mas à medida que os aspectos negativos se acumulam, como crises de energia, logística, desemprego, educação e governação, aliadas ao aumento de números de assassinatos e raptos, há sensação de que está a deslizar para um abismo de desespero”.

Outro aspecto que estas vozes consideram como preocupantes tem a ver com uma presumível instabilidade política, nas eleições agendadas para 2024, nas quais se prevê a formação de uma coligação entre o Congresso Nacional Africano (ANC), no poder, e partido “Economic Freedom Fighters” (EFF), de Julius Malema.

O antigo vice-governador do Banco de Reserva (Banco Central) e presidente do Nedbank Group, Daniel Mminele, e director Executivo do Grupo de Telecomunicações (MTN), Ralph Mupita, são dentre figuras que fazem ecoar suas vozes, ao lado de empresários que até chegam a alertar contra ao que chamam de “complacência do governo” perante fenómenos que estão a atrofiar a economia do país.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) ilustra que a África do Sul terá, no presente ano económico, a segunda pior taxa de crescimento na África Sub-Saariana, que situar-se-á na ordem de 0,1 por cento, a seguir à Guiné Equatorial, de -1,8 por cento.

O alerta aparece exposto num artigo publicado pelo Financial Mail, o qual traça um cenário de catástrofe iminente. Intitulado “África do Sul esgotou o tempo do relógio do juízo final?’, o mesmo artigo reflecte o pessimismo dos executivos de grandes conglomerados empresariais e, por outro lado, procura captar o sentimento dos quadrantes da vida sobre a situação, sobretudo quando este país está perante múltiplas crises, nos últimos cinco anos.

Para Daniel Mminele, a África do Sul precisa de uma liderança forte e decisiva, para promover parcerias público-privadas, capazes de combater o elevado índice de desemprego, sobretudo entre os jovens, pobreza e desigualdade.

Citado pela Bloomerg, ele aponta ser preciso “maior sentido de urgência na resolução destas questões” e quadros de “responsabilização muito mais fortes”.

Além da taxa de desemprego, de 32,7 por cento, considerada uma das mais altas do mundo, o país está a enfrentar uma crise energética, que deverá aumentar substancialmente o nível da inflação.

Diante deste cenário, o Banco Central prevê que os cortes de electricidade aumentem a taxa de inflação, uma vez que as empresas transferem para os consumidores os custos de energia de soluções alternativas.

Recorde-se que a África do Sul enfrenta, há mais de um ano, cortes regulares de electricidade, o que levou Pretória a decretar o estado de calamidade, por a empresa de produção e fornecimento de energia “Eskom”, não satisfazer a procura.

O que está em causa desta situação é o facto de os apagões reduzirem o número de horas de funcionamento, produção e produtividade das empresas, algumas até obrigadas a recorrer a fontes alternativas, como geradores a gasóleo.

Entretanto, um inquérito conduzido recentemente pela Federação das Indústrias de Aço e Engenharia da África do Sul (SEIFSA) revelou que 24 por cento dos seus membros tinham eliminado 9.432 postos de trabalho, por causa dos apagões ocorridos nos últimos 12 meses, 43 por cento cancelaram novos investimentos, no valor de 144.5 milhões de dólares norte-americanos, em soluções de energia alternativa, o que aumentou os custos mensais de empresas, em 25 por cento.

Maputo, Maio 2023 (Imbondeiro News)

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