Relatório denuncia redes transnacionais de crime marítimo em países da África Austral

Um novo relatório, da autoria da embaixadora dos Oceanos, na Ocean Recovery Alliance, a sul-africana Carina Bruwer, denuncia as artimanhas que são usadas por grupos de crime marítimo em países da África Austral, como África do Sul, Angola e Namíbia, onde redes transnacionais de crime transportam mercadorias ilícitas, através da parte sul do Oceano Atlântico.
O relatório, intitulado Securing Africa’s South Atlantic, foi compilado por Enhancing Africa’s Ability to Counter Transnational Crime (Enact), uma entidade que procura aprimorar a capacidade deste continente de combater o crime transnacional.
O estudo revela que redes de crime marítimo, que operam nesta região africana, usam as mesmas rotas comerciais já existentes.
O Enact África aponta ser esta a razão pela qual o comércio ilegal sempre passa pelos portos com maior capacidade de armazenar grandes volumes de mercadorias, como o sul-africano de Durban, no KwaZulu-Natal, e o de Walvis Bay, na Namíbia.
O documento realça que o crime marítimo na África do Sul, Angola e Namíbia se realiza sob a cobertura da pesca ilegal, e através do contrabando de petróleo, de combustível e tráfico de droga.
Menciona que as águas nacionais angolanas e namibianas são as mais vulneráveis à actividade da pesca ilegal, referindo ainda que além disso, Angola também enfrenta outros problemas, incluindo ataques desencadeados por embarcações e contrabando de combustível além-fronteira.
No inquérito, Bruwer revela que a África tem estado a ser o centro de trânsito de cocaína e a enfrentar a caça ilegal, com os sindicatos de crime a ganharem avultadas somas, situação que aliada à corrupção exacerba problemas nesta região.
O relatório diz que droga, como a cocaína, entra em território sul-africano e é transportada em contentores a partir do Brasil.
Destaca que embarcações, que servem como instrumentos das actividades criminosas, são difíceis de serem apreendidas, pois, sendo transnacionais, são registadas num dado país e transportam cargas a volta do mundo, praticando a pesca sob licenças obtidas de vários países, e navegando em águas de diferentes Estados.
Bruwer, que é também produtora de música na África do Sul, explica que a escolha de uma dada embarcação para o crime é sempre influenciada pelo tipo da mercadoria a ser transportada, o tamanho, a origem, o destino e o acesso às redes criminosas.
Algumas embarcações, segundo explica o relatório, são exclusivamente ligadas a actividades criminosas, alertando que mesmo para as que praticam o comércio legal, acabam caindo no crime.
O Enact denuncia que cargueiros com grandes quantidades de produtos, são susceptíveis a transportar remessas ilícitas sob a cobertura do comércio legal.
O estudo aponta que “mercadorias ilegais são escondidas em compartimentos de contentores com produtos legais, mas sem ostentar alguma declaração, e usam o método ‘rip on/rip off’, com selos originais violados, cargas substituídas e aplicadas a selos fraudulentos, misturadas com produtos falsos quando as embarcações estiverem já no alto mar”.
Em declarações ao Independent Media, Bruwer diz que estes sindicatos fazem tudo ao seu dispor para evitar as autoridades, escondendo a identificação dos navios.
Além desta artimanha, segundo a embaixadora dos Oceanos, a tripulação desactiva o sistema de identificação automática das embarcações, para evitar que os seus movimentos não sejam detectados pelas autoridades.
Conclui que há casos de se registar um dado navio sob a bandeira de um certo país, mas sem haja alguma ligação com o referido Estado.
Imbondeiro News
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