África Austral e Oriental tornaram-se “santuários”para sindicatos de crime organizado

Um novo relatório da Iniciativa Global reivindica que as regiões da África Austral e Oriental se tornaram componente central para actividades de sindicatos de crime organizado, que mantêm conexões entre redes de mercados regionais e globais.
O documento indica que as duas regiões servem como fonte, centro e canal para uma gama de mercadorias ilegais.
A Iniciativa Global aponta que estas redes operam a partir das áreas costeiras da Somália, atravessando fronteiras por via terrestre ou aérea até à Etiópia, Quénia, Tanzânia, Moçambique, Zimbabwe, África do Sul e Namíbia.
Ilustra que a heroína traficada, por exemplo, do Afeganistão via Paquistão e Irão, é transportada através da Arábia Saudita e Oceano Índico por barcos antes de ser armazenada no norte de Moçambique e na Tanzânia.
De acordo com o relatório, intitulado “Mapping Organised Criminal Economies in East and Southern Africa”, existem duas linhas de fornecimento, uma destinada para mercados internacionais na Europa e Austrália, e a outra é para ser consumida em vilas e aldeias, na África Oriental e Austral.
Diz ainda que o rinoceronte é contrabandeado de Joanesburgo e Adis-Abeba, na Etiópia, passando por Dubai, nos Emiratos Árabes Unidos, e Doha, no Qatar, e às vezes por Paris, na França, e Londres, no Reino Unido.
Refere que o marfim é transportado em contentores do porto tanzaniano de Dar-es-Salaam, para Nampula e Durban, na África do Sul, seguindo depois para Singapura, Sihanoukville, Huangpu e Haiphong.
Aponta que ouro é minerado ilegalmente no Zimbabwe e nas áreas de Krugersdorp, Carletonville, Klerksdorp e Velkom, na África do Sul, e é processado e lavado em Dubai.
Sublinha que o ouro é também contrabandeado na República Democrática do Congo e processado no Ruanda, Burundi, Uganda, Tanzânia e Emiratos Árabes Unidos.
O documento acrescenta que no norte de Moçambique e na província sul-africana de KwaZulu-Natal, insurgentes associados ao Estado Islâmico e seus apoiantes foram implicados em economias criminosas e em esquemas de contrabando de ouro, rapto e extorsões.
O perito sul-africano em crime no Instituto para Estudos de Segurança (ISS, em inglês), Willem Els, atribui à má governação para os grandes desafios que esta região enfrenta e permite que a situação esteja fora do controlo.
“Sendo o centro da economia regional, com excelentes ligações de transporte (aeroportos e auto-estradas) e infra-estruturas financeiras, a cidade de Joanesburgo atrai muitas empresas dedicando-se ao crime”, refere, frisando que não só, como também “é o centro crucial de distribuição de drogas (heroína vindo da África Oriental e cocaína directamente da América Latina ou através da África Ocidental) e é destinada para o consumo local ou reexportada”.
O documento assinala que “Joanesburgo tem também a sorte de ser o maior centro para sequestro humano e redes de traficantes, cujas vítimas vêem dos países vizinhos, como Malawi, Moçambique e Lesotho.
Adianta que a cidade do Cabo é um grande centro para o comércio de drogas, um mercado associado com actividades de gangs, apontando o norte de KwaZulu-Natal como sendo uma localização estratégica para estes sindicatos.
Imbondeiro News
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