Desmobilizados da Renamo acusam governo de não cumprir acordos

Os desmobilizados da Renamo, na província de Manica, acusam o governo de não estar a cumprir com os acordos assinados no âmbito do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), com o secretário de Estado naquela região, Dick Cassotche, a pedir paciência, indicando que se trata de um processo ainda ‘’complexo’’ e ‘’delicado’’.
Os desmobilizados disseram à DW que estão a passar fome, devido à falta de pagamento das pensões e alegam ainda a falta de habitação própria e de outras condições para a sua comodidade na sociedade.
Falando à DW, André Matsangaíssa Júnior alegou que os desmobilizados vivem em condições precárias e pediu ao governo para resolver estes problemas, antes que se crie um ambiente de terror, como forma de pressionar o cumprimento dos acordos.
Argumentou que não são considerados nas comunidades e apelou aos líderes comunitários para que respeitem os desmobilizados residentes na sua área de jurisdição.
‘’Com AK47, esses homens não morriam à fome, não dormiam sozinhos, usavam o que queriam e faziam tudo o que vocês fazem aqui dentro da cidade’’, referiu.
‘’Gostaria que o governo criasse essas condições, que fosse mais célere a pagar esses homens, porque são ‘búfalos feridos’. Estou a pedir para que os partidos tenham respeito para com os desmobilizados, porque os nossos amigos nos perdem respeito’’, acrescentou.
Um outro desmobilizado é Luís Elias Matundo, que também lamentou a situação em que vivem, desde que foram desmobilizados, pedindo ao governo que apresente uma solução.
‘’Estamos aqui a sofrer, não temos casa, as crianças sofrem, não temos terrenos. O dinheiro está onde? Dizia-nos que quando saíssemos teríamos projectos. Onde estão? Foi tudo mentira. Queremos paz em Moçambique e se não cumprirem, não acaba o conflito em Moçambique’’, ameaçou Matundo.
Reagindo a estes pronunciamentos, o secretário de Estado na província, Dick Cassotche, garantiu que vai reunir-se brevemente com os desmobilizados, para perceber de perto os problemas que enfrentam.
‘’O processo de DDR ainda é complexo. Temos que ter muita paciência, porque muitas vezes tiramos conclusões precipitadas. Há vários níveis de pessoas implicadas’’, frisou
Prometeu que ‘’vai ouvir essas pessoas e depois reportar ao Presidente da República’’, frisando que ‘’as pessoas recebem um talhão e não fazem nada. Vendem o talhão e a culpa é do governo. Recebem o Direito do Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT), não fazem nada com o DUAT e a culpa é do governo’’.
Imbondeiro News
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