Diamantes artificiais ameaçam o modelo de crescimento da economia do Botswana

O Botswana, considerado como exemplo de prosperidade em África, devido às reservas de diamantes naturais, está a atravessar uma das crises profundas desde a sua independência da Grã-Bretanha, em 1966, com o sector mineiro a ameaçar empregos, a acelerar o endividamento e a pressionar a estabilidade social do país.
Em causa está a popularização de diamantes produzidos em laboratório que, segundo a multinacional Bloomerg, está a corroer a principal fonte de receitas, que chegou a representar 80 por cento das exportações e um terço da receita pública.
A Bloomerg, que fornece dados, análises e notícias sobre mercados financeiros, empresas e economias, aponta que a queda abrupta do sector deixou vulnerável uma economia que apostou exclusivamente num único recurso, o diamante.
Refere que a ascensão dos diamantes artificiais está hoje a provocar uma crise económica naquele país da SADC, que ao longo de décadas dependeu dos diamantes naturais para o seu crescimento e desenvolvimento.
Sustenta que esta situação está a abalar sobremaneira os alicerces do modelo económico do país, isto com repercussões graves nas finanças públicas, no emprego e nos serviços essenciais.
Lembra que o Botswana construiu a sua economia com base na exploração de diamantes naturais, que representavam 80 por cento das exportações, 30 por cento das receitas governamentais e 25-30 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Explica que esta dependência foi inicialmente bem-sucedida, ao transformar uma economia pobre em 1966, para um Estado de renda média, com investimentos robustos em infra-estruturas, saúde e educação.
Adianta que os diamantes produzidos em laboratório, quimicamente idênticos aos naturais, estão a ofuscar o mercado, devido a vários factores, como preços 80-90 por cento inferiores aos dos diamantes naturais, produção rápida, preferência de consumidores jovens e argumentos éticos e ambientais, apesar de ambos os sectores enfrentarem desafios de sustentabilidade.
A multinacional prevê o crescimento revisado em baixa de 3.3 por cento para cerca de zero por cento, em 2025, com o Fundo Monetário Internacional a projectar uma contracção de 0.4 por cento, défice orçamental elevado previsto em 11 por cento, considerado o maior na África Subsaariana, dívida pública a duplicar para 43 por cento do PIB, em dois anos.
Este ano, a Debswana, uma joint venture entre o governo e a diamantífera De Beers, decidiu reduzir a produção de diamantes em 40 por cento, bem como fez mexidas nas minas, que passaram, a operar a 60 por cento da sua capacidade, com paragens temporárias.
A Bloomerg diz que o desemprego juvenil está acima de 40 por cento, agravado pela crise, o sistema de saúde está também em crise que, em Agosto, foi declarado estado de emergência, face à escassez de medicamentos e o sector de educação sob pressão, registando cortes de bolsas de estudo, congelamento de recrutamento de professores e protestos de estudantes.
Imbondeiro News
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