Enquanto fazem últimos preparativos Putin e Ramaphosa falam da cimeira do BRICS

 Enquanto fazem últimos preparativos Putin e Ramaphosa falam da cimeira do BRICS

Os Presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, manifestaram, terça-feira, a sua disponibilidade para uma interacção construtiva sobre a agenda internacional, incluindo os preparativos da próxima cimeira do grupo BRICS, marcada para cidade de Joanesburgo, entre 22 e 24 deste mês.

Um comunicado da Presidência russa, citado pela agência noticiosa Sputnik, revelou que Putin vai participar da cimeira através de videoconferência, face ao mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), por alegados crimes de guerra na Ucrânia.

A Sputnik refere que durante a conversa, via telefónica, o Presidente sul-africano fez uma avaliação positiva dos resultados da recente cimeira Rússia-África, realizada em São Petersburgo, que, entretanto, espera reforçar a cooperação entre aquele pais e Estados africanos.

Putin e Rampahosa também discutiram “uma série de questões de cooperação entre a Rússia e a África do Sul, com ênfase no reforço das relações comerciais, económicas e investimento”.

Entretanto, os líderes dos cinco países de economias emergentes estão a fazer os seus últimos preparativos para o encontro de Joanesburgo, que é aguardado com muita expectativa por observadores de várias partes do mundo.

Esta será a primeira cimeira em que os países membros desta aliança farão a sua presença física, desde a pandemia da Covid-19, numa altura em que outras nações olham para este grupo como uma esperança na recuperação das suas economias.

Philani Mthembu, director executivo do Institute for Global Dialogue na Universidade da África do Sul (Unisa-em inglês), considera como crucial para o grupo perspectivar avanços em várias áreas.

Diz que “é uma cimeira que parece atrair atenção global, prevendo-se que, com o encontro, o grupo consolide os mecanismos da cooperação e trace uma visão para o ciclo das suas próximas reuniões”.

O lema deste ano é ‘BRICS e África: Parceria para Crescimento Mutuamente Acelerado, Desenvolvimento Sustentável e Multilateralismo Inclusivo’, que para o interlocutor não significa anular instituições multilaterais como a Organização Mundial do Comércio ou Nações Unidas.

Mthembu entende que “é do conhecimento de que o multilateralismo esteve em crise, nos últimos anos. Nunca, por exemplo, conseguiu fazer o que era preciso fazer”, acrescentando que “uma das principais preocupações da cimeira deste ano devia ser o fortalecimento do multilateralismo inclusivo. Portanto, é importante que a África do Sul dê o máximo foco neste lema.”

Cavince Adhere, especialista queniano das relações internacionais com o foco na cooperação África-China, refere que os países do BRICS devem olhar com muita atenção sobre o aumento de oportunidades nas áreas do comércio e investimento.

Sugere que “num mundo cada vez mais polarizado, o grupo BRICS pode criar espaço para os países africanos participarem numa ordem global mais inclusiva, que sempre foi dominada pelas potências ocidentais”, segundo Adhere.

Ele entende que aderir a este grupo pode permitir que os países se alinhem entre si com o grupo BRICS, uma organização que procura promover um sistema mais equitativo no mundo.

Sustenta que o facto de haver mais de 40 países manifestarem o interesse em aderirem à aliança durante a cimeira de Joanesburgo, por si constitui uma indicação da sua popularidade, porque muitos acreditam que o BRICS pode enfrentar os desafios de desenvolvimento.

O chefe do Instituto de Pesquisa do BRICS na Universidade de Tecnologia de Durban, na África do Sul, Fulufhelo Netswera, vai ainda longe, indicando que o lema da cimeira deste ano já sugere que uma ordem global balançada deverá estar implantada em países explorados pelas grandes potências.

Netwera considera que “é uma questão de todos os países ganharem para o mundo de amanhã. O mundo unipolar actual já demonstrou o suficiente que a fome, pobreza e guerras continuarão no futuro a desgraçar a humanidade, caso a ordem mundial não for alterada”.

Para o professor associado da Faculdade de Ciências de Negócios e Gestão da Universidade queniana de Nairobi, Xn Iraki, a cimeira de Joanesburgo vai ser um fórum que vai abordar novos caminhos sobre o desenvolvimento da economia dos membros do BRICS, mas também o grupo deverá definir-se como uma força visando fazer face às forças do Ocidente.

Imbondeiro News

Comentários

Artigos relacionados