Governo sul-africano quer repatriar restos mortais de cidadãos mortos no estrangeiro

 Governo sul-africano quer repatriar restos mortais de cidadãos mortos no estrangeiro

Categoria: Sociedade

O ministro do Desporto, das Artes e da Cultura da África do Sul, Gayton McKenzie, anunciou, esta terça-feira, que o país pretende repatriar os restos mortais dos sul-africanos levados para o estrangeiro durante a era colonial, bem como os corpos dos activistas anti-apartheid, informando ainda que uma missão do governo deverá deslocar-se, brevemente, à Angola.

McKenzie descreveu que “se trata de actos de justiça, memória e cura”, sublinhando que estes actos “confirmam o compromisso do governo em restaurar a dignidade, promover a restauração cultural e enfrentar a dolorosa herança do colonialismo e do `apartheid`”.

Falando aos jornalistas, o governante referiu que equipas do governo irão a países vizinhos, como Angola e Zimbabwe, para inspeccionar os registos dos cemitérios, a fim de localizar pessoas que possam ter morrido durante a luta contra o `apartheid`, para que, desta forma, estas também possam ser repatriadas.

Anunciou que uma missão deverá deslocar-se à Angola, nas próximas semanas, com uma lista de 400 pessoas a procurar.

Explicou que “muitos nunca regressaram à casa. Alguns morreram desconhecidos, enterrados em sepulturas anónimas, sem que as suas famílias pudessem chorá-los”.

McKenzie adiantou que o governo está a negociar com uma empresa australiana de desminagem para poder aceder a zonas ainda minadas, após décadas de guerra em Angola.

Falou de um plano visando enterrar novamente os restos mortais de 58 pessoas que foram retiradas dos seus túmulos para serem estudadas por museus e outras instituições, durante o período colonial.

“Eles foram expostos em museus, estudados em laboratórios e mantidos em instituições estrangeiras sem consentimento ou respeito. Estamos a corrigir essas injustiças”, de acordo com McKenzie, apelando para que “todas as instituições, na África do Sul e no estrangeiro” iniciem processos honestos e concretos de restituição e repatriação.

Ele considerou de sucesso a repatriação, em 2012, dos restos mortais de um casal Khoïsan, Klaas e Trooi Pienaar, que tinham sido exumados ilegalmente em 1909 e enviados para a Áustria, para estudo.

O governante mencionou o regresso à África do Sul, em 2002, dos restos mortais de uma mulher Khoisan, Saartje Baartman, conhecida como a “Vénus hotentote”, que foi exibida como uma aberração em feiras na Europa, no século XIX, antes de morrer em França, em 1815.

Imbondeiro News

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