Jornalismo africano é tido como estando em decadência
A indústria do jornalismo em África é tida como estando em declínio, devido a salários miseráveis, censura, interferência política e instabilidade económica, o que ameaça a habilidade de o continente poder reportar os seus próprios acontecimentos.
Em países como a África do Sul, Gana e Nigéria, as redacções estão em declínio, insegurança de postos de trabalho e colapso da imprensa, o que leva a muitos profissionais à desilusão.
Al-Mustapha A.Mustapha, repórter do jornal nigeriano DailyTrust, afirma que o “jornalismo africano está em uma encruzilhada. Temos o talento, as histórias e paixão, mas não temos os sistemas para nos sustentar. Enquanto não resolvermos os problemas das nossas redacções e protegermos a dignidade dos jornalistas, o declínio continuará.”
Mustapha aponta salários miseráveis, censura, interferência política e instabilidade como uma “praga” à profissão.
Citado pelo semanário sul-africano Sunday Daily, ele refere que “somos entre os profissionais mais mal pagos. Muitas redacções podem apenas sustentar o pessoal. Enfrentamos pressão dos interesses políticos e económicos”.
Acrescenta quenaNigéria, a imprensa ainda tem peso entre os leitores antigos e rurais, mas o futuro do jornalismo é digital.
Na vizinha África do Sul, a crise tem vindo a ser sentida há já bastante tempo.
De acordo com o relatório sobre o estado das redacções de 2024 elaborado pela Escola de Jornalismo, na Universidade sul-africana da Wits, no centro de Joanesburgo, a força de trabalho na comunicação social caiu de 10. 000, em 2008, para cerca de 5. 000, até 2018.
Diz que a pandemia da Covid-19 piorou ainda mais a situação, ao ponto de até Junho de 2020, haver despedimentos em massa nos principais órgãos de informação, incluindo a Corporação da Radiodifusão Sul-Africana (SABC, na sigla em inglês e Media24, que perderam mais de 3. 000 empregos.
O jornalista da estação da rádio FM, no Gana, Nicholas Azebire, aponta que a imprensa tradicional está quase em extinção, acrescentando que, apesar de os sistemas estarem em decadência, muitos profissionais estão esperançosos e continuam a reportar acontecimentos relevantes no país.
Por outro lado, ele alerta que se a indústria jornalística não resolva a instabilidade económica, melhore as condições de trabalho e adopte mudanças, a habilidade do sector, em servir o público e proteger a democracia continuará a falar.
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