Malawi mulheres forçadas ao sexo transacional em troca de peixe

A crescente redução do pescado que se está a registar na parte malawiana do Lago Niassa, aliada à sua captura excessiva e mudanças climáticas, tem vindo a forçar a grupos de mulheres a praticarem sexo transacional, em troca do peixe.
A situação é considerada crítica, sobretudo quando, nos meses de Novembro e Dezembro, há muita procura do pescado, com destaque para a espécie “usipa”, idêntica a kapenta, capturada nas águas da albufeira de Cahora Bassa, em Tete, Centro de Moçambique.
Frank Nkhani, pescador de usipa desde 2021, disse ao canal televiso Al Jazeera, que nunca se engajou nesta prática, mas, admitiu, momentos depois, conhecer muitos dos seus colegas que trocam o pescado com o sexo.
Nkhani alegou, por outro lado, algumas mulheres que se oferecem aos pescadores, como forma de poderem ter acesso ao peixe usipa, muito procurado naquele país, devido ao seu potencial nutricional.
Ele ajuntou, por outro lado, que devido à natureza clandestina desta prática, não é fácil determinar o número de pescadores e de vendedores ambulantes do peixe, que recorrem ao sexo.
O negócio de “sexo-por-peixe” coloca os seus praticantes em risco de contraírem HIV/Sida, segundo Othaniel Duwe, extensionista no Departamento das Pescas, no distrito de Rumphi, a Norte do Malawi.
Contudo, ele explicou que “muitos pescadores se deslocam de um lugar para outro, ao longo das costas do Lago e se esses tiverem o vírus causador da doença do século, obviamente que também contaminarão outras comunidades”.
Katherine, uma das negociantes do pescado, revelou que após a morte do seu marido, ocorrida em 2016, vítima de malária, viu-se forçada a engajar-se em sexo transacional com vários homens, em troca do peixe.
“Era a única maneira de poder alimentar a minha família”, disse, acrescentando que por esta prática ser desgastante, ela acabou por se juntar, já em 2022, a uma cooperativa, que hoje reúne 30 mulheres.
A referida cooperativa foi criada no âmbito de um projecto financiado pela Agência de Desenvolvimento Internacional norte-americana (USAID), em parceria com várias organizações, entre as quais a Find Your Feet.
Virada exclusivamente às comunidades rurais, a Find Your Feet trabalha no empoderamento da mulher na gestão de negócios de pequena escala e na diversificação das suas fontes de renda.
Além do peixe, dedica-se a venda de vegetais e frutas, milho, arroz, soja, frangos e batatas. Também está virada a mobilização de campanhas de sensibilização das mulheres, no sentido de se levantarem e repudiarem contra o sexo transacional.
Imbondeiro News
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