Novas evidências responsabilizam a polícia do regime do apartheid pela morte de Albert Luthuli em 1967

 Novas evidências responsabilizam a polícia do regime do apartheid pela morte de Albert Luthuli em 1967

O juiz do tribunal superior de Pietermaritzburg, capital da província sul-africana de KwaZulu-Natal, Nompumelelo Hadebe, declarou, há dias, que o antigo presidente-geral do Congresso Nacional Africano (ANC, em inglês), Albert Luthuli, foi espancado até à morte pela extinta polícia do abolido regime do apartheid, em 21 de Julho de 1967, revertendo assim as conclusões feitas por um inquérito, em Setembro de 1967, que indicavam que o malogrado ter-se-ia embatido num comboio de mercadorias.

A porta-voz regional do Ministério Público, em KwaZulu-Natal, Natasha Ramkisson-Kara, afirmou que “o inquérito, conduzido em Setembro de 1967 pelo regime segregacionista, não tinha evidênciam que apontassem responsabilidade pelo crime, quer da parte dos trabalhadores dos caminhos-de-ferro da África do Sul ou de alguma individualidade” que teria metido mão na morte do líder do mais antigo movimento de libertação em África.

Kara adiantou que, no âmbito de um novo inquérito, conduzido pela Direcção para Investigação de Crimes Prioritários (DPCI, na sigla em inglês), da Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC, em inglês), a advogada Elaine Harrison, pediu ao Ministério da Justiça para a reabertura do processo.

Citada pelo portal informativo sul-africano IOL News, ela adiantou que foi graças à retoma deste caso, em Abril e 2025, que permitiu “ao Ministério Público a apresentar novas evidências sobre a morte de Luthuli”.

Kara acrescentou que “se descobriu que Luthuli sofreu fractura do crânio e que teve hemorragia cerebral associada ao assalto” cometido pelos agentes da discriminação racial.

O tribunal esclareceu que a verdade sobre este caso foi omitida em concluo com os trabalhadores dos caminhos-de-ferro da África do Sul.

Sustentou que vários indivíduos, incluindo o chefe de estação, o maquinista, a polícia dos caminhos-de-ferro e os bombeiros mentiram a verdade sobre o caso, a fim de frustrar os fins da justiça.

O supremo de KwaZulu-Natal também considerou estranho o desaparecimento misterioso de Mbhemu Mnyandu, testemunha do assalto policial contra Luthuli.

A porta-voz nacional do partido, Mahlengi Bengu-Motsiri, sublinhou que “este julgamento corrige a história de uma longa narrativa distorcida, por reverter os resultados do inquérito da era do apartheid que reivindicou falsamente que Luthuli morreu depois de se embater contra um comboio de mercadorias”.

O tribunal destacou que evidências orais e documentais apresentadas na reabertura do inquérito deste processo finalmente trazem a verdade, dignidade e memória de um dos melhores filhos da África do Sul e de todos aqueles que sofreram sob a brutalidade do apartheid.

Luthuli, um professor, líder tradicional e combatente da liberdade, foi presidente-geral do ANC de 1952 até à sua morte em 1967.

Ele liderou o movimento durante os momentos mais difíceis do processo de libertação da África do Sul, como a campanha de desobediência ao regime, da constituição da Carta da Liberdade e do banimento do ANC.

Imbondeiro News

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