Nyusi reúne-se em Julho com Putin à margem da cimeira Rússia-África

 Nyusi reúne-se em Julho com Putin à margem da cimeira Rússia-África

O Presidente moçambicano, Filie Nyusi, vai reunir-se, em Julho próximo, com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, à margem da cimeira Rússia-África, a ter lugar em São Petersburgo.    

Em conferência de imprensa, após um encontro, em Maputo, com o estadista moçambicano, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse que “preparamo-nos para a segunda cimeira Rússia-África, em Julho, em São Petersburgo, onde esperamos uma comitiva representativa de Moçambique, liderada pelo Presidente Nyusi. Além da agenda, haverá um encontro bilateral entre o Presidentes Putin e Nyusi.”

Lavrov foi recebido pelo Presidente Nyusi, num encontro em que foi anunciado um reforço da cooperação bilateral, incluindo a retoma da cooperação técnico-militar, que tinha sido suspensa por conta da pandemia de Covid-19.

Acompanhando a vista de Lavrov, o ministro moçambicano das obras publicas, habitacao e recusos hídricos, Carlos mesquita, afirmou que a visita do chefe da diplomacia russa a Mocambique “é a demonstração inequívoca do interesse comum de levar por diante tudo o que foi acordado.”

O governante sublinhou que “equipas técnicas estão a rever todos os memorandos e acordos”, acrescentando que “daqui a mês e meio, vamos ter oportunidade de eventualmente assinar novos acordos.”

A visita de Lavrov a Maputo aconteceu cinco dias depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ter visitado a capital moçambicana, com idênticos compromissos de reforço de cooperação bilateral e um convite para Nyusi visitar Kiev, capital ucraniana.

Moçambique reiterou uma posição de neutralidade face ao conflito na Ucrânia e voltou a apelar a um “diálogo direto entre as partes como a via mais segura para pôr fim à guerra e para o retorno a uma coexistência pacifica entre países irmãos”, disse Mesquita, ao resumir o encontro de Nyusi com Lavrov.

o ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse apreciar o facto de “Moçambique ter a sua própria posição”, acusando os países ocidentais de tentarem impor uma agenda a África para “não fazer comércio, não dialogar”, nem expandir relações com a Rússia.

“É o ‘não’ que domina”, disse, comparando a posição “arrogante” a uma forma de “neocolonialismo” que África rejeita, apontou Lavrov.

“Os amigos moçambicanos ouvem e decidem eles próprios, não cedendo a chantagens”, afirmou, considerando que o que está em causa para a Rússia é uma ameaça às suas fronteiras idêntica à que representou a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial.

Segundo Lavrov, “certos países cedem na votação, mas ao mesmo tempo decidem por si não aceitar qualquer tipo de sanções”, numa alusão aos votos nas Nações Unidas de condenação da invasão russa.

“Ao mesmo tempo, esses países continuam a cooperar connosco para encontrar as vias possíveis de incremento das nossas relações, apesar das dificuldades impostas pelas sanções ilegítimas e que estão a contrariar os princípios proclamados pelos ocidentais para o mundo globalizado”, resumiu.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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