Peritos rotulam África do Sul de eixo na mobilização de financiamento para terroristas em África

 Peritos rotulam África do Sul de eixo na mobilização de financiamento para terroristas em África

O homem de negócios sul-africano, Farhad Hoomer, voltou a ser uma vez mais mencionado pelo governo dos Estados Unidos da América de alegadamente estar a angariar e transferir fundos para grupos extremistas do Estado Islâmico (EI) em vários países africanos, incluindo Moçambique.

As autoridades norte-americanas vêm acusando Hoomer como fazendo parte de um grupo de quatro indivíduos que supostamente têm facilitado transferências de dinheiro para o EI no Iraque, Síria e Moçambique.

O jornal The Sunday Telegraph escreve que os Estados Unidos consideram de sinistras as conexões dos negócios de Hoomer e que ele é ‘’cabecilha terrorista’’, que angaria fundos e depois encaminha-os para células do IE em África.

Farhad Hoomer, de 47 anos, nega de forma categórica as acusações, afirmando que é um homem honesto e que vive na base da venda de jóias e de negócios no porto de Durban, no KwaZulu-Natal.

‘’Trabalho muito duro vendendo jóias velhas e descartadas e crio novas peças”, de acordo com The Sunday Telegraph, citando Hoomer.

Para agentes anti-terroristas ocidentais, Hoomer representa uma ameaça e faz de instâncias turísticas sul-africanas de centro de financiamento de terrorismo no continente.

O Tesouro norte-americano afirma que este homem cumpre os objectivos do EI em países da África Austral, onde até ameaça a atacar os interesses dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais.

Hoomer é parte de homens de negócios que constam da lista das sanções internacionais pelo seu envolvimento com grupos extremistas em África. Em 2022, as Nações Unidas advertiram “a emergência de indivíduos na África do Sul que facilitam a transferência de fundos do IE para seus filiados em África’’.

Lembrar, no entanto, que a África do Sul foi colocada na ‘’lista cinzenta’’ pela Financial Action Task Force (FATF), uma organização anti-lavagem de dinheiro, baseada em Paris, capital da França, 

Raffaello Pantucci, da Royal United Services Institute, refere que, desde os tempos, a África do Sul foi considerada como sendo uma via para canalizar fundos para grupos de crime internacional.

Analistas sugerem que este pais vizinho de Moçambique tem vindo a ser alvo de pesquisas por se tornar a principal arena para o EI se reviver, depois de sofrer derrocada na Síria, onde pretendia criar um Califado.

Reivindicam que fundos enviados a grupos extremistas vêm das actividades do mercado negro, de tráfico de drogas e de pedras preciosas e de raptos.

Uma investigação feita, entre 2020 e 2021, pelo semanário Sunday Times estima em 273 milhões de libras esterlinas que terão sido enviados da África do Sul para Bangladesh, Nigéria, Quénia e Somália, através de 60 mil cartões de telefone móvel não registados.

Jasmine Opperman, analista dos assuntos de segurança, aponta que a África do Sul se tornou um terreno fértil para actividades destes grupos, por ter um sistema financeiro funcional, liberdades, fronteiras porosas e enfrentar casos de corrupção e crescentes índices de criminalidade.

Entre Julho e Setembro de 2022, foram registados quatro mil casos de raptos, segundo dados avançados pela polícia sul-africana.

Peritos revelam que o Estado Islâmico mantém na Somália 50 por cento do dinheiro enviado a partir da África do Sul, enquanto 25 por cento é distribuído entre grupos de terroristas em Moçambique e RDC. Há ainda informações que apontam aumento de fundos para terroristas em Moçambique e na RDC.

Recorde-se, no entanto, que Hoomer foi detido em 2018 por supostamente planear destruir mesquitas e estabelecimentos comerciais na África do Sul.

A ministra na Presidência da República para assuntos de segurança do Estado, Khumbudzo Ntshavheni, prometeu, em Maio ao parlamento, que o governo “continuará a desenvolver e implementar medidas visando garantir que a África do Sul não seja usada para planear, facilitar e lançar actos terroristas e adquirir, movimentar, manter e usar fundos em apoio a terrorismo” no continente.

Imbondeiro News

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