Presidente angolano quer ver investimento norte-americano aplicado nas indústrias transformadoras em África

 Presidente angolano quer ver investimento norte-americano aplicado nas indústrias transformadoras em África

Categoria: Economia

O Presidente de Angola, João Lourenço, defendeu, hoje em Luanda, capital angolana, que o investimento privado directo norte-americano para África não se deve limitar apenas à extracção de recursos minerais convencionais e raros, mas que se interesse também noutro tipo de indústrias transformadoras.

Lourenço, que é igualmente Presidente em exercício da União Africana (UA), manifestou este desejo durante a abertura da 17.ª Cimeira de Negócios Estados Unidos da América-África, a decorrer na capital angolana até esta quarta-feira.

Os Presidentes da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, do Gabão, Brice Nguema, da Namíbia, Nedemupelila Nandi-Ndaitwah, e do Botswana, Duma Boko, e chefes de governo africanos, tomam parte deste evento.

O chefe de Estado angolano destacou que, ao longo das últimas décadas, a presença norte-americana em África tem estado a evoluir, passando de uma presença marcada sobretudo por assistência, para uma presença cada vez mais orientada para o investimento privado, inovação e construção de parcerias robustas.

Lourenço defendeu que são necessários investimentos também na indústria do ferro e do aço, do alumínio, do cimento, da agro-pecuária, da indústria naval, do automóvel e do turismo.

Ele frisou que os governos africanos estão preparados para facilitar os negócios aos empresários norte-americanos, indicando que o sector privado de África está disponível para construir alianças que gerem lucros, mas também prosperidade partilhada.

Considerou que os laços económicos entre África e os Estados Unidos da América têm potencial para crescer de forma significativa, salientando que as oportunidades de investimento privado directo estão em áreas-chave que correspondem tanto às prioridades do continente como às vantagens comparativas das empresas norte-americanas.

O Presidente em exercício da UA destacou o potencial das áreas das energias renováveis, da agro-indústria e de segurança alimentar “perante uma disponibilidade de milhões de hectares de terras aráveis, abundância de recursos hídricos, bom clima, grande oferta de mão-de-obra jovem e uma necessidade crescente de modernização tecnológica e das tecnologias digitais, onde a inovação africana se cruza com a capacidade norte-americana de investimento para criar soluções escaláveis”.

Lourenço avançou que “destacamos também os minerais estratégicos, incluindo os minerais críticos para a transição energética global, cuja exploração pode transformar as nossas economias e sociedades”.

Aclarou por outro lado que África espera mais do que capital, contando com parcerias que se enquadrem na soberania dos seus países, que valorizem o conteúdo local, que promovam a transferência de conhecimento e que contribuam para a geração de empregos qualificados.

O chefe de Estado angolano anotou que este fórum deve ser visto como uma peça importante nas relações económicas entre África e os Estados Unidos da América.

Enfatizou igualmente que “África já não é apenas um continente de grande potencial de riqueza mineral, de recursos hídricos e florestais, de crescimento demográfico inigualável, é cada vez mais um continente de decisões transformadoras e projectos concretos”.

Ele referiu que o continente africano pretende e está a trabalhar para electrificar e industrializar os seus países, acrescentando assim valor às matérias-primas, aumentando a oferta de postos de trabalho, para evitar o êxodo dos jovens que constituem o maior activo e fazem “a perigosa e humilhante travessia pelo Mediterrâneo, com destino à Europa e outros lugares na busca de emprego e condições de vida”.

O Presidente Lourenço mencionou que “do norte ao sul e do Atlântico ao Índico, multiplicam-se investimentos estruturantes que estão a moldar um novo panorama económico africano, desde o Corredor do Lobito, que vai ligar por linha férrea o porto do Lobito, no oceano Atlântico, ao porto de Dar-Es-Salam, no oceano Índico, e promete transformar o comércio intra-africano e intercontinental, às zonas económicas especiais em expansão no continente, passando pelas iniciativas em curso para desenvolver cadeias de valor regionais em sectores como os minerais críticos, a agricultura e a energia, apenas para citar alguns”.

Mostrou que a transformação digital do continente africano “está em curso e a grande velocidade”.

O líder angolano disse que “num mundo marcado por instabilidades geopolíticas persistentes do Leste Europeu ao Médio Oriente, o continente africano, apesar de algumas bolsas localizadas de conflitos armados ou de tensão política, afirma-se como um parceiro de estabilidade e visão de longo prazo”.

Reconheceu que “as conjunturas externas reforçam ainda mais a urgência de aprofundarmos os nossos laços de confiança, cooperação económica e segurança estratégica, onde o papel dos Estados Unidos da América é incontornável, por terem um papel único à escala global”.

Imbondeiro News

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