População de Cachinque em pé de guerra contra imbondeiros

 População de Cachinque em pé de guerra contra imbondeiros

A população de Cachinque, uma área em expansão não muito distante do bairro Sansão Muthemba, nas periferias da cidade de Tete, centro de Moçambique, está em pé de guerra contra os imbondeiros, com o pretexto destas árvores impedirem os projectos da construção de casas.

Cachinkhe está na rota da antiga Missão Católica de Jesuítas Portugueses de Boroma. A zona tem estado a assistir, nos últimos tempos, a ocupação de terras por populares, vindos dos distritos de Chiuta e Marara.

O “Imbondeiro News” escalou, há dias à Cachinque, onde pôde constatar que se trata de uma área descampada de árvores. Poucos arbustos e micaias espinhosas, chamadas em Nyungwe “mizunga”, aparecem de forma isolada.

O que mais predomina em Cachinque é a pedra e o seu solo é propenso a erosão. Os poucos imbondeiros que deviam servir de sombra para esta população são abatidos de forma indiscriminada.

Estima-se em mais de 10 imbondeiros que terão sido derrubados pela população, sob pretexto de impedirem o desenvolvimento dos projectos de construção de casas, ora que estas árvores cairão sobre as suas habitações.

Ainda o paradoxo do problema reside no facto desta mesma população deslocar-se ao mercado grossista de Kwatchena, que dista pelo menos cinco quilómetros, para adquirir a polpa do fruto desta árvore.

Trata-se de árvores ainda jovens. Algumas deviam começar a florescer ainda este ano, segundo indica Judite Sabão, uma das residentes da zona.  

O abate indiscriminado de imbondeiros, que também ocorre noutros pontos da província de Tete, reflecte o total desconhecimento da sua importância, não apenas em termos medicinais ou nutricionais, mas como ambientais.

Os ambientalistas argumentam que a sua remoção poderá ter implicações ecológicas, tendo em conta que são várias as espécies de insectos, répteis e aves que dependem desta árvore como seu habitat.

O imbondeiro também providenciar sombras e nutrientes. O seu abate está a preocupar outras partes da África.

As autoridades quenianas decidiram recentemente cancelar uma licença que havia sido emitida irregularmente a uma companhia internacional que pretendia exportar oito troncos de imbondeiros abatidos indiscriminadamente na região de Kilifi.

O imbondeiro enfrenta grande pressão pela acção humana, em resultado da expansão da abertura de machambas, extracção de fibras e queimadas descontroladas, outro factor que participa das mudanças climáticas.  

Tete, 2 jan 22 (Imbondeiro News)

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