Comunidade portuguesa na África do Sul diz que Portugal deve desculpas aos ex-colonos

Na sua ultima visita oficial à África do sul, ocorrida entre 5 e 8 deste mês (Junho), o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que o pais deve desculpa e responsabilização pelo processo da descolonização de países africanos, como Angola e Moçambique.
O discurso do Presidente Marcelo Ribeiro de Sousa fazia alusão a pronunciamentos pela comunidade portuguesa radicada na África que sobre a necessidade de Portugal pedir desculpas aos antigos colonos, em Moçambique e Angola.
Quase 50 anos depois da independência destes países, aqueles que foram vítimas do que chamam de violência armada, isto referindo-se às lutas de libertação, preferiram abandonar bens em Moçambique e Angola e continuam à espera de uma compensação do Estado português.
Entretanto, em Dezembro de 1994, deu entrada na Assembleia da República uma petição, com mais de cinco mil assinaturas, que reclamava “o direito dos ex-residentes no Ultramar a uma justa indemnização”.
A petição, segundfo a Lus, só foi debatida dez anos depois, altura em que o governo do Partido Social Democrático (PSD), aprovou a criação de um grupo de trabalho interministerial, mas sem qualquer resultado prático.
“Eu sou uma das vítimas desse processo, e até agora ninguém fez essa tentativa de pedir desculpa por aquilo que aconteceu”, adiantou o conselheiro português na África do Sul, Vasco Pinto de Abreu.
Pinto de Abreu admitiu que a comunidade portuguesa na África do Sul é muito marcada pelo processo que levou as independências das antigas colónias portuguesas em África, pelo que considerou que Portugal e os antigos movimentos de libertação devem desculpa aos ex-colonos portugueses e seus descendentes.
“Eu sou uma das vítimas dessa descolonização exemplar, e até agora ninguém fez essa tentativa de pedir desculpa por aquilo que aconteceu”, adiantou à Lusa o conselheiro português na África do Sul.
“Devia pelo menos dar uma palavra sobre aquilo que se passou. E pelo menos de lamentar aquilo que se passou, houve famílias que foram destroçadas, famílias que foram separadas, que é o meu caso, e até agora nem uma palavra de compreensão, antes pelo contrário, continua-se a falar dos colonialistas disto e daquilo, quando muitos de nós somos já de segunda e terceira geração nascidos nas ex-colónias”, vincou.
Segundo Vasco Pinto de Abreu, conselheiro pela área consular de Joanesburgo, a visão de quem foi obrigado a partir é diferente: “Éramos cidadãos de corpo inteiro nesses países e que fomos afastados desses territórios, houve muitos que foram expulsos, e outros em que as condições assim o determinaram de ir para Portugal”.
O estadista português, perante essas precouacoes lembrou que “Também isso nos serve para nós olharmos para trás, a propósito do Brasil. Mas seria também possível a propósito de toda a colonização e toda a descolonização, e assumirmos plenamente a responsabilidade por aquilo que fizemos”, conluiu.
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